Falar da Yamaha RD 350 é quase uma
redundância, porque não houve motocicleta tão reverenciada, tão divulgada e tão
amada pelos seus fãs quanto ela, mas não poderíamos deixar de citar esse ícone
da história das motocicletas na sequência de motos clássicas maravilhosas.
Então vamos
lá, solte suas lembranças e vamos percorrer esse delicioso passeio pela
história.
RD 350, uma moto de respeito!
A RD-350 foi
uma evolução dos modelos DS7 e R5 fabricadas pela Yamaha de 1970 a 1972. Resultante da
união tecnológica dessas duas máquinas foi possível o lançamento da linha RD,
em 1973, com os modelos 90cc, 135cc, 200cc, 250cc e 350cc, todas refrigeradas a
ar.
De 1973 a 1975 foi fabricado o
modelo RD 350A e nos anos 1976 e 1977 o modelo DR 350B, que foi descontinuado
em 1978 com a chegada da RD 400, que foi produzida de 1976 a 1979.
Em 1980 a Yamaha, pressionada
pela simpatia que esta despertava em seu público, volta a fabricar as 350 cc.
Sendo assim, em 1980 era lançada a RD350LC (sem o YPVS), com potência de 45 CV
a 8.500 rpm, mono amortecimento central e refrigeração líquida.
Em 1982 a RD 350 ganharia o
famoso sistema YPVS (Yamaha Power Valve System) e suspensão traseira monocross.
A Yamaha RD 350 foi a primeira moto 2T a utilizar o sistema YPVS, que não é um
sistema turbo como muitos pensam e consiste apenas em uma pequena válvula
controlada por um microprocessador. Essa válvula localiza-se na saída de escape
do cilindro, e varia sua abertura para dar maior compressão em baixas rotações,
minimizando uma das características dos motores 2T que é a falta de torque em
baixas rotações. Conforme aumenta o giro do motor, essa válvula se abre
progressivamente a partir de 5.500 rpm até 9.000 rpm, quando ela está
totalmente aberta e a RD vira um “canhão”. Esse sistema acabou sendo implantado
pelas demais marcas, porém com nomes diferentes, e algumas sutis alterações.
Outro modelo de 1973, com diferenças no grafismo.
Também foi a
moto pioneira no mundo no uso do quadro de berço-duplo e suspensão traseira
mono-amortecido de série. Seu quadro foi o precursor dos famosos quadros Delta
Box de alumínio desenvolvidos pela Yamaha, e posteriormente utilizados pelas
demais marcas. Vinha equipada com três freios à disco, e rodas de alumínio.
Em 1986 passa
a ser produzida no Brasil com novo visual e carenagem semi-integral e já em
1987, uma decisão da Yamaha centraliza a produção das RD 350 em nosso país,
sendo exportada para o resto do mundo e descontinuada no Japão. Assim, no ano
de 1988, ela ganha carenagem integral, discos de freios vazados, suspensão
dianteira Showa e um novo nome, RD 350R, adequando-se ao exigente mercado
externo.
Em 1991 recebeu
sua última remodelagem, passando a contar com carenagem totalmente fechada, no
estilo da CBR 600 e Suzuki RGV, ganhando novos faróis duplos, seguindo o mesmo
padrão de estilo das FZR.
YPVS, pequeno
sistema que faz toda a diferença.
Teve sua
produção encerrada para o mercado brasileiro em 1993, sendo que seus últimos
modelos foram vendidos até o final daquele ano. Ainda assim, foram produzidas
para o mercado italiano, alemão e espanhol até o ano de 1995, quando
infelizmente, por pressão das severas leis de emissões de poluentes na
atmosfera, saíram totalmente de produção, deixando uma enorme legião de fãs e
adoradores órfãos por todos os cantos do planeta.
RD 350R, made in Brazil .
A RD 350,
seja qual for o ano, sempre foi cercadas de muitas lendas e histórias, muitas
delas infelizmente a depreciavam, como foi o caso do apelido “Viúva Negra”.
Este apelido se deve à grande ineficiência dos freios das RD´s 250/350 anos 70,
que povoavam as ruas brasileiras, importadas entre 73 e 76. Seus enormes freios
a tambor e posteriormente disco simples na dianteira eram ineficientes para
frear uma moto que atingia com extrema facilidade, velocidades de 180 km/h . Não diferente
também o fato dessas motos entregarem toda a sua potência quando o motor
atingia seus 5000 / 6000 giros. Isto tinha um efeito devastador sobre a grande
maioria dos pilotos inexperientes da época, que não usavam nenhum equipamento
de segurança, principalmente o capacete cujo uso não era obrigatório naquele
tempo. Mesmo assim as RD 350LC, apesar da grande evolução do seu sistema de
freios e utilização de pneus com melhor aderência, herdaram o apelido.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5mphBP6LOBq5ypuyE7OoSjtFsXBf96gbrTPSHjwNnO1o7chHmfktYUdAGrs1gDWtJ1BmCnfNnFvSY0YrZuW05EsEY4cSxJohjJMR7myTRVdP9kuv4Ng1Esip1ywkQiRuUGNChpbj9-Zc/s320/yamaha-rd-350-a-viuva-negra-5.jpg)
Seu motor 2T
produzia 55cv e sua velocidade máxima era de 199 km/h . Sua aceleração
de 0 a 100 km/h era de 6 s, e seu
consumo médio na cidade ficava entre 12 e 14 km/l.
Extremamente
veloz, sua principal concorrente no Brasil era a Honda CB 750. Não raramente
aconteciam disputas para ver quem era a mais rápida, disputas essas sempre
apertadas, não dando muita margem nem para RD 350, nem para CB 750 se julgar
absoluta sobre a outra. Porém, dada a facilidade do motor 2T em se extrair
potência, as RD 350 “envenenadas” acabavam por vencer a grande maioria das
disputas.
Enfim, é
inegável que esta foi a mais esportiva das motos de série já produzidas. Não
obstante isso, podemos deixar de chamar a RD 350 de moto, para citá-la
simplesmente como MITO!
Fonte: Texto:
Mário Sérgio Figueredo
Um comentário:
Que saudade da minha VIÚVA NEGRA, que tirei da caixa vinda do Japão. Obrigado por publicar esta matéria para lembrar desta lenda. Um abraço do Selvagem Zamberlan
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